"No Alto Minho sentimos as consequências das políticas da maioria absoluta"

Adriana Temporão, primeira candidata do Bloco pelo círculo de Viana do Castelo às legislativas de 10 de março, defendeu respostas para o desinvestimento na saúde e nos transportes públicos e lembrou que Viana foi a capital de distrito onde o preço das casas teve o maior aumento.

No almoço da pré-campanha eleitoral do Bloco de Esquerda este sábado em Viana do Castelo, a cabeça de lista do partido às legislativas por aquele círculo começou por felicitar os anfitriões da Sociedade de Instrução Recreio e Social Areosense pelo centenário desta instituição.

Em seguida, Adriana Temporão destacou as promessas falhadas da maioria absoluta do PS, que criou "dois países": um com "o SNS em colapso", falta de professores e salários que não chegam para as despesas e outro "onde os lucros das energéticas, das empresas de retalho e da banca dispararam".

No plano da saúde, destacou o escândalo da concessão a privados do serviço de radiologia da Unidade Local de Saúde do Alto Minho em 2004, que trouxe "piores serviços, mais custos e mais precariedade para quem lá trabalha", ou o recente anúncio do concurso para concessão de exploração e prestação de serviços de imagiologia, por cerca de 13,5 milhões, quando "o concurso anterior, em 2020, com as mesmas características, foi por um valor de cerca de 2,8 milhões". Adriana Temporão sublinhou que em vez de "mais promessas por cumprir", o que é necessário é "internalizar este serviço, bem como todos os seus trabalhadores".

A situação de um distrito onde o "comboio não chega nem a metade do distrito e o transporte público é praticamente inexistente" foi também apontada como uma das dificuldades de quem vive no Alto Minho, onde ao contrário de outras regiões europeias que apostam em políticas de mobilidade sustentável, "quem, na nossa região, tem poder de decisão, está em negação".

A crise na habitação, no momento em que a cidade de Viana do Castelo já aparece no topo das capitais de distrito com maior aumento do preço das casas, refletiu-se também nos preços de arrendamento de quartos a estudantes, que em dois anos disparou 25% e já levou estudantes do ensino superior e politécnico a abandonarem os estudos por não conseguir pagar o alojamento. "Faço parte da apelidada geração mais bem preparada de sempre, capaz de enfrentar tudo, exceto um país que a abandonou e não soube responder às suas necessidades", afirmou Adriana Temporão, chamando particular atenção para a precariedade no seu setor, o da investigação científica, onde muitos trabalham com o estatuto de bolseiro, "com a justificação de que lhes dá liberdade: liberdade para não terem direitos, liberdade para não terem acesso ao subsídio de desemprego, de férias ou de Natal, liberdade para não terem qualquer tipo de protecção social, liberdade para sofrerem qualquer tipo de assédio".

"A esta geração, aos que ainda cá estão, àqueles que vi partir e que espero que regressem, a todos os que foram em busca de uma vida melhor, dizemos que ao dar força ao Bloco de Esquerda bloqueia-se as políticas de direita disfarçadas de socialistas, ou até mesmo aquelas que nem vêm disfarçadas", prosseguiu a candidata, lembrando que mesmo sem ter eleito deputados por aquele círculo, o Bloco é dos partidos que mais questiona o Governo sobre problemas que dizem respeito a esta região.

À mesma hora em que André Ventura discursava no Congresso do Chega na mesma cidade a prometer cortes no apoio às políticas de igualdade de género, que incluem o combate à violência doméstica, a candidata do Bloco lembrava os "tempos conturbados que se vivem, especialmente para as mulheres". Desde os hospitais que não cumprem a lei da IVG ao aumento das queixas por violência doméstica, passando pela "justiça machista" que continua "a pôr a vida de muitas mulheres em risco ao menosprezar e relativizar as queixas, deixando muitos agressores sair em liberdade sem nenhuma consequência, o que demasiadas vezes acaba com a morte da mulher".

"Não deixemos que o ódio ganhe, que recuemos atrás no tempo, com tudo aquilo que já alcançamos", apelou Adriana Temporão, concluindo que o voto no Bloco em Viana "é o voto na luta pela liberdade, pela dignidade, pela justiça social, é o voto pela defesa do Alto Minho e das suas gente, é o voto que leva ao Parlamento a voz e o sotaque do Alto Minho, é o voto que nos permite concretizar, em pleno, Abril."