Bloco contesta projeto de parque eólico no Parque Nacional da Peneda-Gerês

Para o Bloco de Esquerda, este projeto que está em consulta pública do estudo de impacto ambiental até dia 16 de maio, e que está em vias de ser licenciado, não deve de todo ser viabilizado, por todos os impactos que terá nos ecossistemas da região, principalmente no do PNPG e na Zona Especial de Conservação da Peneda-Gerês. As diversas e constantes tentativas de utilização dos recursos do PNPG e sua consequente destruição em nome de interesses económicos que em nada beneficiam a transição energética e colocam em causa não só os ecossistemas mas também as populações residentes, merecem a mais contundente oposição.

Esta semana foi conhecido um novo projeto de parque eólico, que abrange parte do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), o único parque nacional do país, e se sobrepõe às zonas da Rede Natura 2000 e da Reserva da Bioesfera Gerês e Habitats Naturais, passando ainda pela Zona Especial de Conservação do Rio Lima.

A área prevista para a instalação do empreendimento proposto pela empresa Madoqua IPP, empresa dos Países Baixos, que inclui 32 torres e uma subestação, abrange 7.828 hectares, estando também planeada a implementação de uma linha elétrica de muito alta tensão com uma extensão total aproximada de 76.289 hectares. Segundo a FAPAS- Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade, o funcionamento dos 32 aerogeradores poderá gerar níveis sonoros entre 92 dB(A) e 106,9 dB(A), consoante a velocidade do vento — valores comparáveis ao ruído de um concerto de rock. Cada torre terá 112 metros de altura.

Este projeto irá ter um maior impacto nas freguesias de Sistelo, Cabreiro e Gavieira, no concelho de Arcos de Valdevez, bem como Merufe, Tangil, Riba de Mouro e a União de Freguesias de Anhões e Luzio, no concelho de Monção. Estas localidades situam-se em áreas montanhosas de elevado valor ecológico, abrangendo baldios comunitários geridos pelas populações locais, que desempenham um papel fundamental na economia local, sobretudo na prática do pastoreio extensivo.

A FAPAS, apresentou um parecer negativo, alertando que, neste projeto de produção de energia que pretende abastecer o polo tecnológico em Sines, “as áreas protegidas ou classificadas – entre elas o único parque nacional do país – devem ser consideradas um valor, um ativo nacional, intocável, quer por razões ambientais quer por razões económicas”. Alerta ainda para que a área do projeto “tem como centro a emblemática aldeia de Sistelo, classificada em 2017 como Monumento Nacional Paisagem Cultural de Sistelo. Não serão uns quantos milhares de euros pagos pelo aluguer dos terrenos durante 30 anos que justificam, numa perspetiva coletiva, regional e nacional, o licenciamento do projeto”.

Para o Bloco de Esquerda, este projeto que está em consulta pública do estudo de impacto ambiental até dia 16 de maio, e que está em vias de ser licenciado, não deve de todo ser viabilizado, por todos os impactos que terá nos ecossistemas da região, principalmente no do PNPG e na Zona Especial de Conservação da Peneda-Gerês. As diversas e constantes tentativas de utilização dos recursos do PNPG e sua consequente destruição em nome de interesses económicos que em nada beneficiam a transição energética e colocam em causa não só os ecossistemas mas também as populações residentes, merecem a mais contundente oposição.