Técnicos de diagnóstico são precários em falso outsourcing no Alto Minho
Técnicos Superiores de Diagnóstico de Radiologia (TSDT) do serviço de imagiologia da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) reuniram esta segunda-feira com o deputado do Bloco de Esquerda José Soeiro, segundo a Lusa.
No final da reunião, José Soeiro afirmou à comunicação social: “Vamos interpelar diretamente o Ministério da Saúde, porque entendemos que, ao abrigo do Programa de Regularização Extraordinária de Vínculos Precários (PREVPAP), e mesmo no caso de pessoas que estão fora da janela temporal do PREVPAP, deve ser reconhecido que isto é uma situação irregular, é um falso ‘outsourcing’. O Estado deve contratar diretamente estes profissionais”.
José Soeiro acrescentou que também irá questionar o ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: “Vamos também questionar a ministra do Trabalho, no sentido de saber qual a razão dos recursos feitos por estes trabalhadores não terem sido reapreciados nas comissões de avaliação bipartida, no sentido de lhes ser reconhecido o direito à vinculação”.
O deputado bloquista sublinhou que “a integração destes trabalhadores, a sua vinculação, o respeito pelas suas condições de trabalho é fundamental não apenas para os próprios e para a justiça laboral, mas é também fundamental para qualificar o Serviço Nacional de Saúde (SNS)e para garantir condições aos cidadãos”.
“Não é compreensível que no SNS esteja a recorrer a um falso ‘outsourcing’ para contratar estes técnicos por via de uma empresa que os aluga ao SNS e que, de três em três anos, não sabem se vão continuar ou não. Isto não é minimamente sustentável”, salientou ainda, frisando que “tal como aconteceu noutros serviços, também neste caso há todas as vantagens, do ponto de vista do funcionamento dos serviços públicos e da legalidade laboral de contratar estes trabalhadores e de os vincular ao SNS”.
"Uma desigualdade brutal de remunerações e direitos"
Na reunião com o deputado bloquista participaram 11 dos 25 técnicos, que entregaram um documento onde explicam que “o serviço de imagiologia está concessionado, desde 2004, a uma empresa, que é responsável pela gestão dos recursos humanos e manutenção dos equipamentos, sendo que os equipamentos e instalações são propriedade da ULSAM”.
“Em 2018, a ULSAM integrou todos os profissionais com vínculo precário (auxiliares de ação médica, administrativos e TSDT de outras áreas) exceto os técnicos superiores de radiologia”, denunciam estes técnicos, que sofrem a injustiça de uma desigualdade salarial brutal.
Susana Oliveira, no final da reunião com José Soeiro, contou aos jornalistas: “Já passei por quatro empresas e continuo sem saber se em abril de 2021 tenho emprego”.
“É vergonhoso. Nós ganhamos 700 euros por mês e um técnico de saúde, com a atualização que houve, ganha 1.200 euros”, frisou.
Outro técnico, Jorge Rodrigues destacou a desigualdade salarial, referindo que “são menos 500 euros” por mês e afirmando:
“Estamos dispostos a ir até onde for possível para resolver esta situação que se prolonga há mais de 15 anos. Neste momento, estamos basicamente a ganhar o salário mínimo. Os nossos salários não são atualizados. Estamos com um salário base de 630 e poucos euros e ganhamos 700. É um bocado impossível viver com esta quantia de dinheiro”.
Segundo a Lusa, a ULSAM foi criada em 2009, integra o hospital de Santa Luzia, em Viana do Castelo, o hospital Conde de Bertiandos, em Ponte de Lima, 13 centros de saúde, uma unidade de saúde pública e duas de convalescença, e serve uma população residente superior a 244 mil pessoas, contando com 2.500 profissionais, entre os quais 501 médicos e 892 enfermeiros.