Bloco condena falta de apoio a Festival de Documentário de Melgaço

As eleições autárquicas que ditaram que Melgaço passaria a ter um executivo liderado pelo PSD, foram há pouco mais de dois meses, e começa já a tornar-se evidente a relação problemática da direita com a cultura.
Hoje, é noticiado que o Festival Internacional de Documentário de Melgaço – MDOC, evento cultural estruturante para o concelho, está em risco de não se realizar em 2026 devido à falta de apoio da autarquia.
O MDOC que iria para a 12ªedição, trazia, anualmente, a Melgaço milhares de visitantes, tendo na última edição contado com 5.946 participantes. Para além do impacto económico direto, o festival envolveu ativamente a população local, promoveu o debate em torno de temas sociais urgentes e colocou Melgaço no circuito cinematográfico internacional. A sua possível interrupção representa um retrocesso grave e inaceitável.
Este não é apenas um ataque à cultura: é um ataque direto à população de Melgaço e à sustentabilidade do concelho. Melgaço enfrente há décadas um problema estrutural de despovoamento. Segundo dados do INE, em 2023, o concelho contava com 7.599 habitantes. As projeções apontam que, nos próximos 20 anos, este concelho tenha uma redução de cerca de 4.556 habitantes, passando para aproximadamente 3.043 habitantes em 2043. Perante este cenário alarmante, seria expectável que o executivo municipal apostasse em todas as ferramentas capazes de atrair pessoas, dinamizar a economia local e reforçar o sentimento de pertença. A cultura é uma dessas ferramentas centrais. Um concelho sem oferta cultural é um concelho condenado ao abandono.
O Bloco de Esquerda condena firmemente a decisão do executivo autárquico do PSD e denuncia este ataque à cultura enquanto motor de transformação social, coesão territorial e desenvolvimento. Esta opção política revela uma direita incapaz de reconhecer o valor da cultura do povo e o seu papel na construção de comunidades vivas e sustentáveis. Solidarizamo-nos com a equipa organizadora do MDOC, a AO NORTE, bem como a população de Melgaço, e comprometemo-nos a reunir com a AO NORTE para avaliar todas as formas possíveis de apoiar esta luta pela cultura e pela dignidade do interior. A cultura não é um luxo: é um direito e uma necessidade.