Promessas eleitorais caem por terra quando chegam ao Orçamento do Estado
Ontem, dia 27 de novembro, ficou a saber-se o resultado da votação das diversas propostas do Bloco de Esquerda para o Orçamento do Estado para 2025, relativas ao distrito de Viana do Castelo.
Estas votações, e o sentido de voto de alguns partidos, é bastante surpreendente, quando comparamos com o que é defendido pelas estruturas locais dos mesmos.
A proposta do Bloco de Esquerda para a Requalificação do portinho de Vila Praia de Âncora, foi rejeitada com votos contra do PSD e do CDS e a abstenção do PS. Ora, sendo que A Coligação O Concelho em Primeiro (PSD/CDS/Aliança/PPM), dizia a 29 de maio deste ano, que este era “um problema estrutural que tem décadas e cuja resolução tem que acontecer uma vez que a segurança dos pescadores e a atividade da pesca fica muitas vezes posta em causa”, que “ sabemos que este Governo está cá para ajudar a resolver os problemas e que a remodelação deste Porto de Mar é um dos assuntos que têm em cima da mesa como prioritário.”, acrescentando ainda que os eleitos por esta coligação, que envolve PSD e CDS, que agora votaram contra a requalificação do portinho de Vila Praia de Âncora, “garantem todo o empenho na colaboração da resolução deste problema que afeta diretamente a comunidade de pescadores, sem eleitoralismos, nem previsão de datas irrealistas. (…) Com trabalho, eficácia, responsabilidade e dedicação esta remodelação do porto de Mar irá ser uma realidade o mais breve possível”. Mas não foi apenas o CDS e o PSD que falharam aos Alto Minhotos, em particular à comunidade de Vila Praia de Âncora, o PS em outubro de 2024, defendia que o Governo deveria avançar com as dragagens necessárias para a navegabilidade do porto de Vila Praia de Âncora, e retomar o processo de reconfiguração, com conclusão prevista para 2026, no entanto, absteve-se perante a proposta do Bloco de Esquerda de avançar com a reconfiguração do portinho de Vila Praia de Âncora.
Ainda no concelho de Caminha, uma das propostas, agora rejeitada com votos contra do PSD, CDS e IL, e a abstenção do PS e do Livre, foi a de restabelecer a ligação fluvial entre Caminha e A Guarda, através do desassoreamento do canal de navegação e encontrar uma solução, para a ligação fluvial entre Caminha e A Guarda, no estado espanhol. Estas votações são algo inesperadas, tendo em conta que tanto a coligação O Concelho Primeiro (PSD/CDS/Aliança/PPM), como o próprio PS, em abril deste ano, referiam a importância do desassoreamento do canal e desta ligação fluvial. Adicionalmente, em outubro de 2024, o Presidente da Câmara de Caminha, prometeu não se calar até o governo resolver o assoreamento deste canal, no entanto o seu partido acabou por se abster numa matéria de tanta importância para a região.
No que toca à eliminação das taxas de portagens para a autoestrada A28 de acesso ao Minho e Alto Minho, mais uma vez foi rejeitada com votos contra do PSD e CDS e a abstenção do PS e da IL. Importa recordar o que foi dito durante os debates para as Legislativas de 2024, Jorge Mendes a representar a coligação Aliança Democrática (PSD/CDS/PPM), disse “o PSD esteve sempre ao lado do Alto Minho para reduzir as portagens” e ainda que estava “muito contente por o PS, na voz de Marina Gonçalves, vir defender o fim das portagens na A28“, ora, nem o PSD votou a favor de nenhuma redução das portagens no Alto Minho, nem o PS, ao abster-se na proposta do Bloco de Esquerda, defendeu o fim das portagens na A28.
Relativamente, à proposta de estudo para um ramal paralelo à Linha do Minho entre a Estação Ferroviária de Darque e o porto de mar de Viana do Castelo, rejeitada com votos contra do PSD e CDS, e a abstenção do PS e do Chega, é de salientar que o Presidente da Câmara de Viana do Castelo, Luís Nobre, do PS, em fevereiro de 2023, defendeu a ligação ferroviária ao porto de mar da sua cidade, no entanto, o seu partido absteve-se numa proposta de estudo para algo considerado de grande importância para o seu concelho.
A proposta do Bloco de Esquerda de que fosse feito o investimento necessário em material circulante, por um comboio mais cómodo, rápido e com mais oferta de horários na linha ferroviária Porto – Vigo, foi rejeitada com votos contra do PSD e do CDS e abstenção do PS e da IL. E a proposta de internalização do serviço imagiologia da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, foi rejeitada com votos contra do PSD, Chega, CDS e IL, e abstenção do PS.
O Bloco de Esquerda, continuará empenhado em lutar por um Alto Minho melhor, defendendo quem aqui vive e trabalha.